segunda-feira, 28 de abril de 2008

Elba Maria Nunes Ramalho

Santa Cruz do Capibaribe-PE Julho de 1998


A 17 de agosto de 1951 nasceria a protagonista de uma história de batalhas e vitórias...
De uma pequena cidade da Paraíba uma jovem levanta-se para ser diferente de tudo o que seu povo conhecia ou estava acostumado. Sua vivacidade seria um dos dons que a levaria a um novo futuro.
Os sons que saiam dos violões, as melodias que brotavam dos corações de seus compositores começaram a encantar a Elba. Muito além daquela aparência brejeira existia uma estrela, uma voz que clamava por notas musicais e instrumentos e que prometia levar ao país um jeito novo de ser nordeste...
Cantar as belezas, tragédias, lutas de uma região pouco conhecida como o coração ou de seu nordeste de encantos e desencontros políticos, isso era mostrar a tantos quantos necessários que esse chão seco faz correr nas veias de seus filhos e sangue da determinação, da peleja, das festividades, dos verdadeiros São Joãos. E esse mesmo sangue que irriga a alma de Elba e de onde vem também sua determinação por vencer.
Mas a vida não é feita somente de sonhos, devemos torná-los reais na medida do possível e isso ela vem realizando. O vôo de um pássaro é sinal de liberdade e ela queria algo além dos cantos da cidadezinha natal...
Agora no Rio de Janeiro o Cristo Redentor a esperava de braços abertos e a sua volta uma cidade que precisava e pedia para ser “descoberta”, mas esse mesmo Cristo sussurra baixinho ao seu ouvido que para se cumprir uma missão ela teria de estar de braços abertos para as alegrias e dificuldades que a nova vida lhe proporcionaria, jamais cruzando seus braços por simples comodismo, afinal Ele morreu de braços abertos...
O preconceito por ser nordestina foi superado também através da canção bem como os comentários sobre sua beleza exótica, as pessoas não se conheciam tanto como lá na Paraíba, a vida era tão difícil quanto na seca de seu estado, mas ela sabia que podia vencer...
Seu primeiro disco era a promessa de que ela viria pra ficar, mesmo a critica e fazia consciente de que seu trabalho sempre deveria se aprimorar com o tempo começou a fazer amigos, conquistando espaço no coração de uma família musical, nessa família encontramos Zé Ramalho e muitos outros companheiros conterrâneos, todos tendo em comum a migração de seu estado para lutar por algo melhor e percorrer a sua estrada. Elba agora possuía outro ponto de apoio na vida: a fidelidade e a amizade de seus companheiros.
Capim do Vale, Elba, Alegria e os anos passam, vem as parcerias musicais e amizade com pessoas especiais como Lenine, Luiz Gonzaga e outros. Quem não conhecia a força da mulher nordestina, agora sabia que elas eram mulheres determinadas e animadas como Elba.
Aquelas cabelos rebeldes eram a marca de uma voz possante, capaz de levar as lágrimas em uma melodia romântica ou extasiar ao som do bom forró, ela sabe dar vida as canções. Em cada paisagem de fundo de seus discos há algo impossível de não se notar: a transparecia de sua alma de menina com a sensualidade de uma encantadora mulher. Viria Coração Brasileiro, Do Jeito Que a Gente Gosta, Fogo na Mistura e muito mais...
A natureza lhe agraciou com sua voz e a consciência de que sempre é preciso crescer, aprender com as falhas e ser humilde verdadeiramente para admiti-las.
Em sua vida também conheceu amores e desamores, quando sentiu-se preparada a natureza mais uma vez lhe deu um presente mais do que especial: a graça de ser mãe. Luã já podia sentir a energia que a mãe possuía antes de nascer, pois não parou de fazer shows durante a gestação. Era a vida gerando outra de modo admirável, saber viver cada momento com dignidade, serenidade e encanto.
A aprimoração da voz e das músicas isso é bem o estilo de Elba, com ela também seus fãs, inúmeros admiradores e que são apoio fundamental a todo e qualquer artista. Ela lança também nos anos de 89, 90, 91 e 92, fazendo um pedido quase que infantil no disco de 94, Devora-me e mais uma vez os fãs com prazer aceitam tao convite de renovar mais uma vez a fidelidade para com sua “estrela”.
Com sua voz forte e cativante ela assimilou as dificuldades da vida e as devolveu em forma de inesquecíveis canções, isso é saber dar a volta por cima...
Daquela pequena janela materna, de onde via a vida passar quase despercebida, Elba abriu as portas ao mundo e decidiu ir além dos horizontes. Mas ela não esqueceu de sua gente e de suas raízes, sendo fiel como todo nordestino é na dificuldade ou não.
Com fã clube espalhado por todo o país, ela soube a pouco que o pai era pernambucano e seu carisma por esse estado aumentou, também é aqui em Caruaru que se encontra um de seus maiores fã clubes e isso prova a simpatia vai além de suas canções...
As fotos contidas no encarte do Cd Baioque, mostra que ela esta mais em paz do que nunca, vem se dedicando a meditação e já fez experiências fascinantes nesse aspecto. A vida não para, vai um amor vem outro, na vida dela não foi diferente. Só que agora não era um namorico, mas é algo bem mais profundo e ela mais do que ninguém merece. O nome de sua alma gêmea é Gaetano, não se importa com as criticas em relação a diferença de idade entre os dois, pois a vida é curta e perder tempo com preconceitos tolos é bobagem...
Alguém que saiu da Paraíba para conquistar o mundo pela voz, desvendou parte dos segredos da vida, aberta a criticas, encantadora, determinada... isso e muito mais corre em suas veias, arrancando suspiros e alegrias de seus fãs, ela é uma musa inspiradora e não está nessa vida como mera espectadora, mas vem fazendo sua história, cumprindo a sua missão.
Com palavras não é fácil definir o fenômeno, a exuberância e leveza que é a pessoa de ELBA RAMALHO.

Zuleica L. Marcolino.


Texto escrito pela delicada visão de uma grande amiga paulistana de sangue e pernambucana de coração, que não é fã de Elba assim como eu sou, mais é apaixonada pelo nordeste, pelo seu povo e cultura, ela me ajudou a realizar um grande sonho, o de conhecer pessoalmente minha estrela, há exatos dez anos atrás começávamos um trabalho feito com muita paciência, determinação e acima de tudo muito carinho, para presentear Elba de uma forma no mínimo diferente, fizemos uma carta com “150 metros” e “22 mil EU TE AMO”, escritos um a um!

No final tudo valeu a pena, nossas noitadas de dedicação e madrugada adentro os cafés feitos por minha mãe com sua gentileza e incentivo permanente, ao som de Baioque, e a espera do novo Cd daquele ano o Flor da Paraíba, que ainda chegamos a ouvir inúmeras vezes, antes de concluir nossa tarefa. Agradecer o que ela fez por mim naquele ano era pouco, e nunca vou esquecer sua amizade sempre presente e pronta pra ajudar independente de qualquer coisa, nem mesmo a distância vai apagar de nossas memórias os bons momentos que passamos juntos, naquele e em outros momentos de nossas vidas, apesar da distância que hoje nos encontramos nunca te esqueço, te adoro.

A minha irmã Zú.

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