segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Elba se prepara para comemorar seus 30 anos de carreira

Rio - Quando Elba Ramalho lançou o conceitual CD ‘Qual o Assunto Que Mais lhe Interessa?’, não esperava que, um ano depois, sua vida particular fosse virar a resposta ao título. No olho do furacão desde sua ruidosa separação de Gaetano Lopps, a cantora, de 57 anos, abre o peito e fala sobre o fim do casamento, os rumores sobre o namoro com o músico Cezinha do Acordeon, de 24 anos, e as comemorações dos 30 anos de carreira, em entrevista em sua casa, no Joá.

“Adoraria ter uma vida pessoal longe da mídia, mas não dá. O assunto que mais interessa às pessoas e à mídia é a vida pessoal do artista. Muito mais do que saber se eu ganhei o Grammy”, diz Elba, premiada na última edição do Grammy Latino, dia 13, por seu primeiro CD independente.

A serenidade da estrela não se altera ao falar do rompimento com o empresário depois de 12 anos. “Não queria que tivesse acontecido daquela forma. O fim do meu casamento já estava em processo há muito tempo, diria que há alguns anos. Eu é que me fiz de doida, dizia ‘vou me conformar, vou ficar’. Fechei os olhos para muita coisa, fazendo vista grossa, passando por cima, não querendo perceber certas coisas por causa da família”.

A repercussão fez Elba vir a público. “Eu ouvia: ‘Elba troca marido de 32 por garotão de 24. Coitado do Gaetano, um homem tão lindo, o pai das filhas’. E aí, o que você faz? Fiquei 12 anos sem tocar em outro homem, sem ver nada diferente do material de casa e, de repente, me vi exposta na mídia daquele jeito, não dá. Não troquei ninguém por ninguém, pelo amor de Deus!”. Ela resume: “Houve um desgaste, fi camos infelizes, mas ele é o pai das minhas filhas. Se me traiu, traiu a si próprio”.

A linha que separa a ‘vida pessoal’ da carreira é tênue e, por vezes, se mistura. O ex-marido aparece, ao lado das fi lhas, no belo documentário inserido no recém-lançado DVD ‘Raízes e Antenas’, e o próximo disco da cantora é produzido pelo suposto namorado, Cezinha. “Vai gerar mais fofoca, né?”, pergunta, já sabendo a resposta.

Além da produção, o jovem músico pernambucano, apadrinhado por Dominguinhos, ajudou na escolha do repertório e canta em uma das faixas do novo CD, intitulado ‘Balaio de Amor’. “Gravei uma música de Cezinha que é uma das mais bonitas do disco, chama-se ‘Recado’”, diz a paraibana.

Elba não se incomoda com os boatos, mesmo depois de ter sido flagrada aos beijos com o rapaz, em um restaurante no Leblon. “Cezinha é um baita de um músico e eu ainda vou fazer muitas coisas, em termos de música, com ele. Não estou me incomodando, nem ele. Nem a gente está assumindo romance nenhum. Não quero falar nesse assunto”, avisa.

Mas em seguida, se derrama em elogios ao músico. “Ele é um sol, me traz muita luz, muita alegria. Deixa como está, assumir romance é o mesmo que dizer ‘Venham atrás de mim!’. É lançar uma infinidade de fofocas. Ele está produzindo meu CD, que é bem amoroso, tem a ver com o estado de espírito que a gente está vivendo. Um disco que eu queria fazer há muito tempo e só com Cezinha eu poderia”.

Além de ‘Balaio de Amor’, recheado de compositores desconhecidos no Sudeste, como Maciel Melo, Jorge do Altinho e Flávio Maciel, destinado às festas juninas, Elba planeja um segundo disco em 2009. “Vou homenagear Zé Ramalho, cantar a obra dele. Lanço um disco em março e outro em outubro”. Tudo para comemorar os 30 anos de carreira musical, que tem como marco inicial o disco ‘Ave de Prata’.

Descrente da indústria fonográfica, Elba tomou as rédeas da carreira, tornando-se (mais) uma artista independente. “As gravadoras estão tão perdidas quanto nós. Cheguei a conversar com um diretor que me pediu a solução. Eu disse: ‘Se você que está há mais de 30 anos nisso não sabe, imagina eu’”, conta. A intérprete de ‘Banho de Cheiro’ acha difícil emplacar um novo sucesso. “Hoje tudo é vendido. As gravadoras compram até mesmo os espaços na televisão. É acintoso demais”.

Estar entre os independentes não assusta Elba, acostumada a bancar seus próprios shows. Por isso ela não se intimidou quando teve que encarar a produção do CD e do DVD. “Vendo o CD nos shows, pelo menos. Na gravadora o disco nem andava comigo, nem estava nos lugares. Esse projeto foi ousado, caro, mas a sensação de liberdade compensa”.

ELBA CRIARÁ MENINA DE 5 ANOS ABANDONADA PELA MÃE

Além de Luã, 21 anos, fruto de seu relacionamento com o ator Maurício Mattar, a cantora é mãe de Maria Clara, 6, e Maria Esperança, 2, adotadas durante o casamento com Gaetano. Em dezembro a família aumenta com a chegada de Maria Paula que, aos 5 anos, protagonizou, ao lado da irmã, Duda, uma história novelesca.

“Há dois anos reintegrei uma menina, Maria Eduarda, que eu iria adotar. Ela morava numa instituição em São Paulo e chegou a ficar uns dias aqui comigo, durante o processo de adaptação. Mas sua mãe apareceu com outra filha, chamada Maria Paula. Convenci a mulher a ficar com as filhas e me comprometi a educar a Maria Eduarda”, conta Elba.

Assim, todos os meses a família recebia ajuda fi nanceira, até que a mãe parou de dar notícias. Ela abandonou as meninas, que foram parar num orfanato no interior de Minas Gerais. “Duda, de 8 anos, dizia lá que era minha afilhada e ninguém acreditava. Até que, de tanto ela chorar, resolveram me ligar”, lembra.

A menina voltou para os braços de Tia Rosa (que cuida da instituição onde Maria Clara vivia) e do padrinho, em São Paulo. “Maria Paula não tinha ninguém, então ela vem pra mim. Foi circunstancial, mas um presente. Vai ter um lar, uma mãe e muito amor”. O filho mais velho se prepara para estudar música em Boston, nos Estados Unidos. “Luã é a melhor pessoa do mundo. Se eu trouxesse um menino, talvez ele implicasse um pouco, ele é o príncipe, um baita companheiro”, orgulha-se.

Além da organização não-governamental Aminca (Associação dos Amigos do Instituto Nacional do Câncer), da qual é vice-presidente, Elba fundou a ‘Bate Coração’, ONG que ajuda casais interessados em adoção de crianças. “Criei na época em que estava adotando Maria Clara, o site é referência para aqueles que querem adotar”, diz a cantora, devota de Nossa Senhora da Conceição.

“Minha religiosidade é a prática da minha vida, faço coisas boas para a sociedade e para o mundo. As pessoas sabem disso, sabem que semeio a concórdia e o amor.” Amor que ela diz sentir por todos. “Você vai procurar rancor, ódio, mágoa, queixa, no meu coração e não vai encontrar. Por mais mal que me tenham feito. Posso ter reações como: ‘Chega, saí. Não quero mais. Não quero mais dar meu pescoço para você chupar meu sangue. Siga a sua vida que eu sigo a minha’. Não quero desarmonizar, renuncio a tantas coisas em favor do outro, do amor a Deus”.

Créditos: O Dia Oline
Por: Julio Biar

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