quinta-feira, 21 de maio de 2009

Disco 'Balaio de Amor' marca os 30 anos de carreira de Elba

O amor não tem regras claras, mas antes de sair da vida de alguém deveria ficar combinado uma última troca de olhares. Afinal, todo sentimento intenso começa com olhos cheios de paixão.

Na prática não é bem assim, mas, na hora do adeus, tudo se torna relevante e, mais do que saber de quem é a culpa, um último olhar poderia deixar a porta entreaberta. É por essa porta que a cantora Elba Ramalho entra com o seu ''Balaio de Amor'', CD que marca os 30 anos de carreira e o primeiro pela Biscoito Fino.

Sempre na mídia tanto por ser uma das grandes expressões da música brasileira - em 2008, Elba faturou o Grammy na Categoria Regional Comtemporâneo - como pelas fofocas em torno da vida pessoal, a cantora diz que o novo disco é amoroso e cheio de olhares.

Mesmo que diga que não quer ser alvo dos fofoqueiros, Elba, 57 anos, não escapou de render comentários sobre um relacionamento com o músico e compositor Cezinha do Acordeon, de 24 anos, que produziu o CD.

Sobre o pernambucano, considerado um dos maiores sanfoneiros da atualidade, apadrinhado de Dominguinhos, a cantora afirma, no encarte do CD: ''A ele toda a minha gratidão e o beijo mais doce. Obrigada por traduzir meus sentimentos em um disco tão bonito''.

O ''Balaio'' traz um time que dispensa apresentações formado ainda pelo próprio Dominguinhos, que também canta em ''Riso Cristalino'', numa parceria com Climério Ferreira; e a composição de Nando Cordel, ''É Só Você Querer'', com participação de Cezinha e sua voz grave. Aliás, Dominguinhos e Cordel são responsáveis por dois grandes sucessos de Elba: ''Gostoso Demais'' e ''De Volta pro Meu Aconchego''.

''O meu amor é seu/É só você querer/Eu faço qualquer coisa/Pra ficar com você'', diz a letra de ''É Só Você Querer'', que ainda fala em dar o coração e o que mais o objeto de desejo sonhar. A cantora quis lançar um CD com canções que, apesar de conhecidas dos nordestinos, parecessem inéditas nas demais regiões.

São xotes e baiões compostos por Accioly Neto, Xico Bezerra, Maciel Melo e Petrúcio Amorim. ''Diga aonde foi que eu errei/Aonde vacilei/Fiquei de fora/Se foi tudo ilusão/Me dá meu coração/Que eu vou embora'', diz ''Me Dá Meu Coração'', de Accioly Neto, uma fatia dessa seleção.

Essa característica de dar oportunidade a compositores tornou Elba a primeira intérprete de Lenine, ajudando também a projetar Geraldo Azevedo, Belchior, Chico César e Lula Queiroga.

Algumas das 14 faixas do CD representam a renovação do forró, que hoje tem subgêneros, como o pé-de-serra, de latada e o universitário, mas sempre na base da sanfona, triângulo e zabumba.

No disco, a formação clássica é reforçada por uma banda formada por Marcos Arcanjo (guitarra e violão); Tostão Queiroga (bateria); Anjo Caldas (percussão); Zé Américo (pad) e Fofão (contrabaixo e baixo acústico).

As participações nordestinas no CD não se resumem ainda as do maestro Spok, no sax alto, que comanda a orquestra pernambucana que leva o seu nome, mas também agregam o compositor do sertão do Araripe, Flávio Leandro, um dos legítimos representantes do legado de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.

É de Leandro os versos que capitulam um último olhar no CD: ''O meu amor.../Por causa de uma coisa à toa/Trocou o nosso ninho/Que era coisa boa/Por uma indiferença/Que não tem mais fim''.

Créditos: Folha de Londrina
Gabriel Lima para o Leoa do Nordeste

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