terça-feira, 2 de junho de 2009

iBahia entrevista Elba

Grande representante da cultura nordestina pelo país e pelo mundo, a cantora Elba Ramalho está completando 30 anos de carreira. “Filha do sertão” ela possui uma voz marcante e uma energia que contagia a todos. Sem falsas modéstias, Elba se considera uma excelente cantora. Ela iniciou sua carreira artística como atriz e foi esse começo que serviu como base para ela ser a grande intérprete que é hoje.

Em entrevista exclusiva ao portal iBahia, Elba Ramalho contou um pouco da sua história, fez um balanço dessas 3 décadas de carreira e falou de seu amor incondicional pelo Nordeste e pelo forró. Confira!

iBahia - Foi atuando no teatro que surgiu a oportunidade de você ingressar na sua carreira como cantora. Você poderia contar um pouco sobre esse início?
Bom, eu cheguei no Rio de Janeiro em 74 e trabalhei como atriz até 78... 79, quando eu fui convidada pra fazer a Opera do Malandro, do Chico Buarque. No espetáculo, eu contracenava com a Marieta Severo e foi uma oportunidade rara. Eu digo que ali foi o meu divisor de águas porque conheci Chico. Um ano depois de atuar no espetáculo eu estreei cantando no disco de Chico “O meu Amor”. Foi uma bela estreia e, em seguida, eu fui ser vocalista do Zé Ramalho, na banda dele. Ai as portas foram se abrindo para a música e eu transformei a atriz na cantora.

iBahia – Você interpreta com maestria as músicas que canta. Você usa a sua experiência como atriz para isso?
É isso. Eu acho que tem cantor, tem artista, tem estrela e tem a cantora que é mais reclusa, mais fechada no palco. Eu, pelo contrário, tenho uma dimensão do que é ser atriz e o teatro me deu a régua e o compasso, me deu uma postura cênica de dança, de me comunicar e dar uma interpretação mais dramática as músicas que eu canto.

iBahia - Você poderia fazer um balanço desses 30 anos de carreira? Muitos momentos bons?
Eu estou comemorando de 79 pra cá. Foram 30 discos em 30 anos e shows maravilhosos por todo o mundo. Eu acho que tenho uma carreira sólida porque fui muito determinada desde o início. Eu quis seguir essa trilha e segui os meus instintos. Quando eu errei estava sendo fiel a mim mesma e nunca me perdi. Eu acho que é um grande mérito eu ter me mantido nesses 30 anos, ter ocupado um espaço na música brasileira, fazendo o que eu faço, trazendo o Nordeste, a cultura e os ritmos de daqui. Foi uma luta grande, enfrentando diversidades e preconceito. Isso tudo fortaleceu muito o meu caráter, no sentido de que ser artista não é só estar no palco, é muito mais do que isso. Não é aparecer na capa de uma revista hoje e desaparecer em um ano. Durante esses 30 anos eu fui trilhando o meu caminho e fortalecendo a minha música, a minha imagem e sou muito contente por ter conseguido isso.

iBahia - Qual o momento mais especial da sua história?
Eu acho que o momento do filho foi muito importante. Não estou falando artisticamente. Estou falando do momento que eu tive Luã (filho de Elba com o ator Maurício Mattar), há 22 anos. Foi um momento novo e muito importante. Foi uma nova visão do amor. Artisticamente, eu quero é festejar esse novo disco, o “Balaio de Amor” que eu acho que com o último trabalho você tem mais dengo, mais chamego. Mas eu tive outros momentos marcantes como o show Arrebatador, que inspirou muitas cantoras que vieram pós Elba. Eu diria que os encontros com os artistas Zé Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo também foram muito especiais. Cantar com Chico e Dominguinhos foi um prazer imenso. Enfim, foram muitos momentos importantes nesses 30 anos que marcaram bastante a minha carreira.

iBahia – E por falar em Zé Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, já foram lançados 3 volumes do Grande encontro. Existe a possibilidade de realizar um quarto?
Eu tenho esse desejo, sim. Mas depende muito de Alceu e Zé, que são pessoas mais difíceis na questão de querer fazer. Eu e Geraldo somos muito parceiros e amigos. Se rolasse, a gente iria com a maior facilidade. Mas isso depende da agenda de nós quatro.

iBahia - Seu novo álbum, Balaio de Amor, marca essas 3 décadas de história. Nele você optou pela seleção de músicas inéditas. Como foi a escolha do repertório?
Nem todas as canções são realmente inéditas. Algumas já foram gravadas lá em Recife, mas sem muita repercussão. Eu acho que quando eu me aproprio da canção, pela qualidade de intérprete que eu sou e pela minha personalidade, a canção se renova. Esse disco parece todo novo para o Sul. Quase ninguém lá conhece os compositores, com exceção de Dominguinhos e Nando Cordel. Os outros são de uma nova geração de compositores. O Cezinha, que toca comigo, foi quem me apresentou a esses novos compositores e me inspirou a fazer o álbum. Ele produziu e fez os arranjos. O amor está sempre no coração das pessoas e eu acho que o disco ficou muito bom.

iBahia - A música “É só você querer”, desse novo álbum, está na novela Caras e Bocas e é o tema da personagem Laís. E você já teve músicas em outras novelas também. Como é ver uma canção interpretada por você se tornar a trilha sonora de uma história de amor?
Bem, eu costumo a dizer que “De Volta para o Aconchego” só aconteceu por causa da novela Roque Santeiro e assim foi com essa canção “É só Você Querer”, que é belíssima e do mesmo compositor de “De Volta pro Aconchego”, Nando Cordel. A música já ta tocando no coração das pessoas porque a novela tem uma força incrível. Fico muito honrada e muito feliz. É muito gratificante pra mim.

iBahia – Sua raiz nordestina é muito forte e visível. Como é sua relação com o forró?
A melhor e a mais abrangente possível. É uma relação de extrema intimidade e prazer porque é uma música alegre. Eu gosto de cantar e gosto de dançar, eu gosto do ritmo. Eu semeei isso a vida toda e quanto mais eu canto mais eu gosto. Tem uma outra Elba que também pode cantar samba, blues, choro, mas a musica é transcendental, tem uma função divina de ocupar todos os espaços. Mas o forró é o meu verdadeiro chamego.

iBahia - Como está sua agenda para o período do São João? Muitos shows marcados?
Muitos shows. Tenho praticamente um show por dia, só não consigo fazer dois por dia porque a estrutura é muito grande. Eu começo agora e só paro no dia primeiro de julho.

Créditos: iBahia

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