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São 30 anos de carreira, mais de seis milhões de cópias vendidas e uma consolidada trajetória na Música Popular Brasileira. Paraibana, filha de músico e expoente da cultura nordestina, a cantora Elba Ramalho, que é dona de uma das vozes mais belas da MPB, foi a atração do último dia 28 na programação do Projeto Flamboyant in concert 2010. A cantora começou a se interessar pela música na adolescência, quando ainda estava na faculdade. Atuou como atriz, bailarina e, em 1979, participou da Ópera do Malandro, de Chico Buaque. Dona de uma versatilidade única, Elba comemorou três décadas de história na música, com a gravação do terceiro DVD da carreira, no Marco Zero do Recife, símbolo da capital pernambucana. Múltipla, mas fiel às raízes, a cantora não abandona a musicalidade que herdou do pai. Os ritmos regionais como baião, maracatu, frevo, xote, caboclinhos e forró estão fortemente presentes em sua obra. Conhecida pela performance contagiante, ela já dividiu o palco com Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Alceu Valença e com o Rei Roberto Carlos.
No show do dia 28, ela fez um passeio por toda a sua carreira e relembrou músicas que marcaram como De volta pro aconchego, Banho de cheiro e Amplidão. Em entrevista ao DM Revista, a cantora fez uma avaliação positiva de sua trajetória e destacou que ela foi marcada por períodos inesquecíveis. “Acredito que a minha carreira seja bastante digna. Participei das três edições do Rock in Rio, de inúmeros festivais pelo País e representei o Brasil mundo afora, sempre com uma recepção muito boa do público”, destaca Elba Ramalho. Ela ainda ressalta que é difícil eleger um momento marcante, diante de todos que já presenciou, mas revela que o nascimento do filho, após uma de suas apresentações, foi um acontecimento emocionante. “Um momento muito importante aconteceu em Campina Grande, em plena festa de São João. Eu estava grávida e fiz um show para uma multidão. Horas depois, entrei em trabalho de parto e o Luan nasceu”, afirma a cantora.
História
Filha do sertão nordestino e nascida em Conceição da Paraíba, Elba conviveu com o solo seco e a vegetação árida de sua região. De forma poética, ela canta as lembranças dessa terra, a história e o cotidiano do seu povo, sem deixar de lado novas formas de expressão musical, experimentando ritmos e explorando a sua vertente romântica. Após o sucesso do álbum Qual o assunto que mais lhe interessa, que lhe valeu o Grammy Latino 2008, na categoria regional contemporâneo, e do DVD Raízes e antenas, em que reuniu no mesmo palco parceiros de longa data, a cantora lançou ano passado o CD Balaio de amor. Por esse disco, ela recebeu o Grammy de melhor álbum de música de raízes brasileiras. Elba Ramalho atribuiu os prêmios à qualidade da produção. “São dois trabalhos diferentes, mas que foram muito bem elaborados. Infelizmente, o Grammy, aqui no Brasil, não tem o devido reconhecimento. O que é uma pena. Foi um grande privilégio ter ganhado por dois anos consecutivos. No próximo ano, espero lutar por mais uma premiação”, destaca.
Elba iniciou a carreira tocando bateria no conjunto As Brasas, formado somente por mulheres. Isso ocoreu em 1968, ano em que também cursava as faculdades de Economia e Sociologia. O conjunto musical se transformou em grupo teatral. Mesmo optando pelas artes cênicas, Elba continuava a cantar, participando de diversos festivais pelo Nordeste.
“Na verdade, nunca deixei a atriz de lado. Minhas performances têm grande carga dramática e a atriz sempre está presente.” Ela elogiou o projeto Flamboyant in concert e destacou que festivais que divulgam música de qualidade devem ser valorizados e aplaudidos. Elba Ramalho antecipou que cantaria aquelas músicas gravadas no imaginário dos fãs. “O show é todo especial, vou revisitar grandes sucessos da minha carreira. Não podem faltar Bate coração, Aconchego e Chão de giz”, lembra a cantora.
Segundo ela, o principal projeto para o semestre que vem é a divulgação do mais novo DVD e CD da carreira, com direção musical de Cesinha do Acordeon e direção geral da própria Elba. “Estamos preparando o lançamento desse grande projeto gravado em Recife. Depois, quero seguir com os shows, sempre com muita alegria e agradecendo a Deus por este dom”, completou Elba Ramalho, feliz de voltar a Goiânia.
O público que compareceu no no Deck Parking Sul do Shopping Flamboyant conferiu uma apresentação em formato acústico. Na banda, Marcos Arcanjo (violão e guitarras) Elder Caldas (percussão) José Durval (Zabumba) e Cezar Silveira (Sanfona e voz).
Junto com nomes consagrados como Dominguinhos, Luiz Gonzaga e Alceu Valença, a cantora Elba Ramalho é uma das responsáveis pela popularização da cultura nordestina no Brasil. O CD Cirandeira lançado em 2001 e repleto de forrós, xotes e baiões, quebrou as barreiras do regionalismo e conquistou o Sul do Brasil. Em Elba canta Luiz, de 2002, a cantora paraibana se volta para a obra do rei do baião, principal nome responsável pela divulgação dos gêneros nordestinos no eixo Rio-São Paulo. Em 2000, Elba se reuniu pela terceira vez com Geraldo Azevedo e Zé Ramalho para gravar o álbum O grande encontro – Ao vivo, durante um show no Rio de Janeiro com participações especiais de Lenine, Belchior e Moraes Moreira. Elba Ramalho só retornou ao estúdio em 2007, quando lançou o CD Qual o assunto que mais lhe interessa, em que atualizou o repertório, mantendo a coerência artística de seus projetos anteriores.
Flamboyant In concert
A temporada 2010 marca a ampliação do projeto Flamboyant in concert, que passa a ter capacidade para receber até 1.200 pessoas sentadas. Outra novidade é a diversificação de ritmos e estilos para agradar os variados públicos do shopping. Nesta edição, já passaram pelo palco os cantores Renato Teixeira, Marina Lima, Guilherme Arantes e Wando. Desde seu lançamento em 2005, a organização já promoveu 62 apresentações e atraiu um público equivalente a 60 mil pessoas. O cantor Ivan Lins é a atração que vai encerrar a programação de shows no dia 26 de outubro.
Fonte: Site do Jornal Diário da Manhã
(adaptado por Gabriel Loureiro de Lima)
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