terça-feira, 25 de outubro de 2011

Elba Ramalho encerrou a maratona de atrações culturais em Palmares

O Festival Pernambuco Nação Cultural passou pela Mata Sul deixando um legado de alegria e valorização da cultura pernambucana

Os palmarenses compareceram em peso ao Pátio de Eventos Luiz Gonzaga para se despedir do Festival Pernambuco Nação Cultural da Mata Sul, que voltou em grande estilo à cidade neste ano de 2011, após a pausa decorrente das chuvas que abalaram a cidade no ano passado. A programação, que englobou desde a segunda-feira diversas atividades como shows, oficinas, palestras, intervenções de cinema e literatura, encontros de Pontos de Cultura e manifestações artísticas de oito cidades da Mata Sul do Estado (Palmares, Água Preta, Barreiros, Catende, Gameleira, Rio Formoso, Tamandaré e Vitória de Santo Antão), teve sua noite de encerramento no palco principal do evento, neste sábado (22).

A maratona de shows começou Zé Ripe, artista da terra, que logo cedinho procurou esquentar parte do público presente no pátio. Em seguida, a música regional deu espaço para a black music de Edilza. Com um vocal lembrando as divas da soul music norte-americanas, Edilza deu uma roupagem “black” a clássicos regionais como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga. Cantando pela primeira vez em Palmares, ela acredita que é mais uma oportunidade para um trabalho iniciado na década de 80, quando abriu um show para Nana Caymmi no Projeto Seis e Meia.

“É uma coisa totalmente nova pois eu nunca vim a Palmares, apesar de já ter cantado em várias cidades próximas. Foi maravilhoso poder mostrar o meu trabalho. Para este show selecionei alguns clássicos como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, dando uma roupagem mais puxada para o soul, o jazz, a mpb”, comentou.

Samba, forró, brega, frevo, afrobeat. Artista do mundo, Maciel Salú, terceira apresentação da noite, sabe bem aliar os mais diversos ritmos contemporâneos sem tirar os pés do chão e as mãos da sua rabeca, o tradicional violino rural brasileiro. Filho do saudoso Mestre Salustiano, o nome mais importante da cultura rabequeira, Maciel batizou de Mundo o seu terceiro e mais recente disc, justamente por sua arte transitar por diferentes realidades. O artista, apesar dos diversos shows pelo Brasil afora (passando também pela Europa), confessa que ainda fica inseguro em tocar para um público não tão acostumado com a sua música, como foi o caso de Palmares. Mas afirmou que os resultados são sempre positivos.

“A gente fica naquela expectativa, justamente por essa cultura das rádios de não dar espaço a esse tipo de trabalho. Aí entra a importância deste projeto, que possibilita com que as pessoas que são acostumadas um estilo diferente entrem em contato com outras coisas. Como a minha música mistura diferentes estilos, a galera tem reagido muito bem. Pra mim, isso é que importa, levar música para qualquer parte do mundo é a proposta do meu trabalho.”

Banda formada no final de 2007, a Orquestra Contemporânea de Olinda apresentou o trabalho do disco homônimo, lançado com apenas quatro meses de sua fundação e que chegou a chamar atenção do New York Times (onde recebeu excelente crítica), além de também ter sido indicada ao Prêmio da Música Brasileira e ao Grammy Latino de 2007.

“Está sendo massa dividir o palco com artistas como Maciel Salú, grande parceiro. É fundamental a gente sair de Recife e Olinda pra vir tocar aqui no interior e difundir a nossa música”, comentou o percussionista Gilú, idealizador da banda, que recentemente recebeu incentivo do Funcultura para lançar o seu segundo álbum, ainda sem data definida.

Com a responsabilidade de encerrar por vez toda a maratona de atividades do FPNC, Elba Ramalho subiu ao palco e levou ao delírio o seu grande fã-clube, que dançou um rastapé de respeito feito pela Ave de Prata paraibana, que com seus mais de 30 anos de carreira, ainda mostrou fôlego juvenil até altas horas da noitada.

“É sempre uma alegria e um prazer enorme estar num festival que envolve toda a cultura do Estado, que eu adoro. Sou pernambucana de coração e pra mim é uma honra tocar aqui, um lugar que tem uma tradição cultural tão forte”, comentou a cantora.

O Pernambuco Nação Cultural da Mata Sul é o décimo festival realizado pelo Governo do Estado de Pernambuco somente em 2011, através da Secretaria de Cultura (Secult-PE) com a Fundarpe. A novidade deste ano foi a descentralização das ações, que foi a lugares antes nunca frequentados pela cultura do Estado, passando a valorizar todas as manifestações culturais de cada região, preservando a memória, promovendo a integração racial e a cultura com fundamento em cidadania.

“É uma ação totalmente voltada para o interior, uma maratona incansável de viagens, mas que tem sido gratificante pois tem aumentado a auto estima dos artistas e agentes culturais. Tem sido um trabalho de inclusão muito grande e é muito importante estarmos aqui nesta noite celebrando tudo isso, a repercussão nas cidades tem sido muito boa. Estamos muito felizes e agradecemos à equipe por tudo que tem sido feito”, afirmou o presidente da Fundarpe, Severino Pessoa.

Fonte: Pernambuco Nação Cultural

Nenhum comentário: