quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Elba e Alceu Valença encerram carnaval no Recife com show e emoção

Na saideira, Orquestrão reúne 150 músicos na apoteose da folia; Fafá de Belém, Luiza Possi e Gaby Amarantos engrossaram o coro

Elba e as pernas mais comentadas da MPB no palco do Marco Zero

Como já é tradição por aqui, na terça-feira (21) a Praça do Marco Zero foi o cenário da noite de despedida do carnaval multicultural do Recife. Shows de Elba Ramalho, Alceu Valença e Spok Frevo Orquestra vararam a madrugada. Por volta das três da manhã, o público foi brindado com o espetáculo do Orquestrão, com 150 músicos que se apresentaram juntos executando frevos tradicionais e seguiram em arrastão pelas principais vias do Recife Antigo. Fafá de Belém, Luiza Possi e Gaby Amarantos também deram sua contribuição acompanhando a megaorquestra.

EMOÇÃO E HOMENAGEM A CHICO SCIENCE
Veterana de muitos carnavais na cidade, a cantora Elba Ramalho disse ao iG, antes do show, que toda vez que sobe ao palco do Marco Zero no dia do encerramento seu coração dispara. “Eu me emociono muito, não tem como não ser assim. Estou na terra do meu pai, que era músico de orquestra de frevo e morreu no ano passado, aos 93 anos. Este lugar é tão importante na minha vida que eu gravei meu último DVD (Elba - Marco Zero- Ao Vivo) aqui. É um palco sagrado, tenho um respeito profundo por esta cidade, por esta cultura tão rica”, disse Elba, que abriu a noite com “Leão do Norte”, de Lenine. Além dos passistas de frevo, a cantora trouxe da cidade de Caruaru, agreste do Estado, o grupo Pernas para Circular. Em cima de pernas de pau, fantasiados de reis do maracatu e caboclos de lança, eles acrescentaram um brilho especial à apresentação da cantora e arrancaram muitos aplausos do público.

Elba se apresenta na saideira do carnaval do Recife

Elba dança ciranda com os bailarinos, movimento que o público repetiu em comunhão

No repertório, Elba atacou de frevos tradicionais como “Vassourinhas”, “Voltei, Recife” e “Batutas de São José”. Relembrou, ainda, o mangue-beat “Praieira”, em uma homenagem calorosa ao ex-vocalista da Nação Zumbi, Chico Science. Ela embalou as músicas “Como uma Onda no Mar”, de Lulu Santos, e “Pingos de amor”, de Paulo Diniz, em ritmo de ciranda. Uma cena comovente chamou a atenção de todos. Em meio à multidão, várias pessoas se deram as mãos para dançar a ciranda, cena repetida no palco pela cantora e seus bailarinos. Espetacular!

O VIGOR ADOLESCENTE DE ALCEU, AOS 66
O cantor Alceu Valença, homenageado deste carnaval no Recife, incendiou a despedida no Marco Zero. Aos 66 anos, mostrou um vigor de adolescente. Fantasiado de El Torero Pablo Valença, fez um show comovente. Agradeceu ao Recife por ter sido reverenciado: “Quero dividir esta homenagem com vocês, que são o meu espelho e eu sou o espelho de vocês”, disse, entusiasmado. Vestido de toureiro espanhol, ele sacudia o pano rosa e amarelo (capote), peça símbolo das touradas espanholas, dando “olé” nos integrantes da banda. Um gaiato, no bom sentido. E o público o acompanhava em coro no set-list que incluiu “Morena Tropicana”, “Bicho Maluco Beleza”, "Diabo Louro", "Bom Demais" e "Anunciação". Alceu fez uma apresentação de mais de duas horas. Não fosse a apresentação do Orquestrão, que veio logo em seguida, ele, com certeza, cantaria por mais duas horas. No mínimo.
SAIDEIRA
O Recife termina mais uma edição de um carnaval que tem como viés a espontaneidade de seu povo, que vai às ruas fantasiado, se diverte sem pagar e participa da maior festa popular do mundo como protagonista de uma das cenas mais emblemáticas da cultura nacional. Como tudo aqui acaba em frevo, finalizamos citando “O último regresso”, de Getúlio Cavalcanti. “É lindo ver o dia amanhecer, com vilões e pastorinhas mil, dizendo bem, que o Recife tem o carnaval melhor do meu Brasil”. Nós concordamos!

Fonte: iG

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