quarta-feira, 21 de março de 2012

Túnel do tempo: Elba Canta Luiz - Parte V

Elba Ramalho lança CD com músicas de Luiz Gonzaga

17/04/2002


Elba evitou os hits de propósito. Gravou O Xote das Meninas e Vem Morena e também o choro O Xamego da Guiomar e a valsa Orélia

Há muito tempo, a cantora Elba Ramalho
queria lançar um disco só com músicas de Luiz Gonzaga, o
cantor/compositor que ela mais ouviu quando criança, na Paraíba.
Ia ser no ano passado, mas Gilberto Gil foi mais rápido, gravou
os grandes sucessos do Rei do Baião e Elba adiou o projeto para
este ano. O disco Elba Canta Luiz está saindo agora, em
parceria com o sanfoneiro Dominguinhos, o mais legítimo herdeiro
de Gonzagão. Ela visita o repertório pouco conhecido de Lua e o
reveste com arranjos tradicionais, embora não tenha dispensado
as sosfisticações que acrescentou à sua música nos últimos 25
anos.

"Escolhi a simplicidade porque o Dominguinhos é uma
verdadeira orquestra. Ele fez os arranjos e dividiu a produção
comigo e, quando ouvi o que tinha preparado, não quis cobrir sua
música, pus minha voz humildemente para que todos brilhássemos
juntos", confessa Elba, com modéstia. O disco surge num momento
em que o forró ressurge com vigor em todo o País, mas ela
garante não estar aproveitando um modismo. "Luiz Gonzaga sempre
esteve na minha música, foi o que ouvi desde criança. Ele
gostava do meu trabalho e sempre o elogiava, desde que gravamos
juntos Sanfoninha Choradeira, em 1984."

Ao escolher as 13 faixas do disco, Elba evitou os hits
de propósito. Gravou O Xote das Meninas e Vem Morena,
mas preferiu o choro O Xamego da Guiomar (que canta com Zeca
Pagodinho), a valsa Orélia, o xote Aquilo Bom (Garotas
do Leblon) e O Cheiro da Carolina, porque acredita existir
uma vertente esquecida do público. "Luiz Gonzaga começou com
choros e valsas porque a música nordestina, nos anos 40, era
muito discrimidada. O repertório de sucessos do Luiz Gonzaga dá
para vários discos, mas o pouco divulgado dá para muito mais."

Elba defende que a volta do forró deve ser creditada, em
primeiro lugar, à qualidade intrínseca das músicas, mas também
ao show Grande Encontro, que ela, Alceu Valença, Geraldinho
Azevedo e Zé Ramalho fizeram no início dos anos 90, depois
transformado em disco que chegou a vender 1 milhão de
exemplares. "Houve outros fatores também: a música do Lenine, o
Chico Science com o Mangue Beat, as pessoas que iam para o sul
da Bahia de férias e dançavam a noite inteira", enumera. Ela,
que grava forrós desde seus primeiros discos, sofisticando o
gênero com teclados, sopros e eletrônica, foi econômica agora.
"Tem sopros, cavaquinhos e bandolins, mas preferi a
simplicidade, manter-me fiel ao estilo de Gonzaga, embora com
minha pulsação."

A cantora pretende em breve fazer um grande show em São
Paulo, tendo como convidados músicos que foram influenciados por
Luiz Gonzaga. No Rio, quer montar um grande arraial, como uma
prévia da turnê que fará pelo Nordeste, aproveitando as festas
juninas. A estréia vai ser em Caruaru e, em julho, o show viaja
pela Europa.

Elba já escolheu também a música que cantará nos
programas de televisão. "Será Quer Ir mais Eu?, que é um raro
frevo de Luiz Gonzaga, um lado carnavalesco pouco conhecido",
adianta ela. "Todo mundo me pede para cantar, até hoje, Banho
de Cheiro, mas agora vou passar a cantar Quer Ir mais Eu?,
que também é alegre e animado."

Fonte: Estadão

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