quinta-feira, 7 de maio de 2009

Um balaio de forró e de amor

Elba Ramalho completa em 2009 trinta anos de carreira com pelo menos dois feitos dos quais poderá se orgulhar. O primeiro é ter lançado, no mínimo, um disco de carreira a cada ano, ao longo dessas três décadas. O outro motivo é que ela, por mais que desde sempre tenha sido "a" voz feminina do forró, somente agora dedica-se com mais carinho e atenção aos compositores nordestinos. No CD Balaio de amor (de produção independente, posteriormente lançado pela Biscoito Fino) ela canta Flávio Leandro (Fuxico), Petrúcio Amorim e Rogério Rangel (Um baião chamado saudade), Accioly Neto (Me dá meu coração), Nando Cordel (É só você querer), Terezinha do Acordeon (Seu aconchego), Jorge de Altinho (Quem é você), entre outros.

A maioria desses autores não era lembrada por uma das cantoras que mais divulga o forró no Brasil. O mérito artístico vai também para Cezinha do Acordeon, parceiro de Elba, na vida e no trabalho. Produtor do CD, junto com ela, foi Cezinha quem a apresentou aos "novos" compositores. Ele conveceu Elba de que as músicas, algumas já gravadas por outras vozes, ganhariam uma projeção muito maior na sua voz.

Entre uma e outra taça de vinho, nos intervalos de shows ou em casa, Cezinha tocava e cantava para Elba os compositores que achava que ela fosse gostar. "Essa parceria veio de forma leve, apaixonada, como eu gosto de ser e viver. Pra mim a supresa de ter Cezinha foi bacana, reencontrá-lo e ver o potencial de músico que ele tem. A música dele é muito forte. Tem um futuro brilhante", elogia a cantora e namorada. Ela conta que, por meio do músico, passou a conhecer o dia a dia da cultura pernambucana. "Cezar me motivou, me levou aos lugares, me apresentou as músicas, só escolhi duas, a dele (Recado, com Fábio Simões) e o choro de Dominguinhos (Ilusão nada mais, com Fausto Nilo). As outras vieram pela sua voz, assim como toda produção e os arranjos", conta.

Dessa forma foi escolhido o repertório, de um CD bem São João, com a cara de Elba, da capa aos embalos: xotes e baiões, alguns mais lentos e românticos. Cantorias de um sertão pop inventado. Muito bem representado nas fotos de Renato Filho, quando concebeu a arte do CD. O estilista Eduardo Ferreira fez o figurino de Elba também nessa linha. Foram usados adereços da olindense Eva Duarte (que misteriosamente não teve seu nome nos créditos do trabalho).

Um motivo real da satisfação da cantora com o novo disco tem a ver com o sucesso da música É só você querer. O xote está na trilha da novela global das sete e é uma das mais pedidas do show. O marido é aplaudidíssimo em todas as apresentações, conta Elba. Ela não economiza no elogio quando o assunto é Cezinha. Conta que, depois dele, se transformou como pessoa e artista. "A música é muito forte na minha vida, então ter uma parceria com um músico, conviver com ele o tempo todo, faz a música acontecer sempre, no sofá, na cama, na rede. Tem sido muito inspirador. Ele é extraordinário", rasga Elba.

Outro ganho foi a relação firmada com seus conterrâneos nordestinos. "Fico feliz agora quando alguém fala do Rogério Rangel. Petrúcio conhecia pouco, do Xico era fã. Maciel é meu amigo. Terezinha, não conhecia. Flávio Leandro eu conhecia, mas não tanto a obra. Quando conhecia, não sabia que era dele. Tinha cruzado com eles todos, mas de forma displicente. Amizade selada mesmo só com Dominguinhos, Nando e Maciel. Agora é com todo mundo", vibra a cantora. A turnê de Balaio de amor começa oficialmente no dia 30 de maio, abrindo o São João de Caruaru.

Créditos: Diário de Pernambuco

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