segunda-feira, 20 de julho de 2009

A fase dourada de Elba Ramalho

Enquanto Daniela Mercury começava a mostrar seu canto na cidade de Salvador, Ivete Sangalo levantava a poeira do pátio da escola e Cláudia Leitte ainda estava em fase de amamentação, outra estrela dominava os palcos com música de apelo sensual e dançante. Naquele início dos anos 1980, Elba Ramalho fazia multidões de fãs tirarem os pés do chão, pavimentava o terreno para as divas da axé music e conquistava popularidade inédita em sua trajetória.

Para comemorar os 30 anos de carreira discográfica da intérprete, a Universal Music relançou quatro álbuns produzidos naquele período: Alegria (1982), Coração Brasileiro (1983), Do Jeito que a Gente Gosta (1984) e Fogo na Mistura (1985). Todos têm preço médio de R$ 25. "Essa foi a minha fase de estouro. Fiz uma temporada longa no Rio de Janeiro, no Teatro Casa Grande, com o Alegria. Foi quando a crítica começou a se render e ver quem era verdadeiramente Elba Ramalho. O show era maravilhoso e um grande sucesso de bilheteria", relembra a cantora.

No repertório da bolachinha responsável por escancarar as portas do mainstream para a paraibana - que havia lançado três discos sem repercussão -, destaca-se o xote Bate Coração. Depois de demarcar espaço privilegiado na programação das rádios, a música fez com que o disco atingisse a expressiva vendagem de 310 mil cópias.

No trabalho seguinte, impulsionado pelo hit Banho de Cheiro, Elba superou essa marca, com 400 mil cópias vendidas. "O Coração Brasileiro foi arrebatador, o disco que mais vendeu. Nessa época, tive a parceria com o Mazzola (produtor musical), que também foi bacana. O César Camargo Mariano fez um arranjo lindo para Canção da Despedida."

PALCO
Os discos seguintes consolidaram o sucesso da estrela, que se notabilizou não somente pelas interpretações no estúdio, mas, principalmente, por suas vigorosas performances no palco. Os shows eram marcados pela exuberância estética e a produção cuidadosa, frutos da experiência de Elba em produções teatrais.

Em 1978, ela integrou o elenco da peça Ópera do Malandro, de Chico Buarque. "Eu primava muito pelos espetáculos. Nenhuma cantora fazia produções hollywoodianas como eu fazia", comenta.

Para manter o fôlego admirável que encantava as platéias (durante as apresentações, Elba perdia até 2 kg), ela não fazia nenhum tipo de aquecimento vocal ou corporal. "Naquela época, não tinha o rigor que tenho hoje. Cantava e farreava também, me divertia à noite. Hoje, tenho muito mais disciplina. Faço yoga e vou à academia. Por incrível que pareça, tenho o mesmo vigor, canto melhor e me posiciono melhor no palco", garante.

REFERÊNCIA
A energia e a musicalidade da estrela tornaram-se referências para cantoras de gerações posteriores. "Teve um show meu com direção do Jorge Fernando, em que lancei o Carlinhos de Jesus. Quando me apresentei em Salvador, a Daniela foi me ver. Ela disse para mim: ‘É isso que eu quero fazer''. A Ivete, quando estava começando, chamei ela para cantar comigo Bate Coração. Ela estava toda nervosa. Sei que as duas já nasceram grandes, não precisaram de mim para nada, mas me honra bastante que tenha podido somar, em algum momento, para a carreira dessas estrelas da música popular brasileira."

Fonte: Diário do Grande ABC
Créditos: Dojival Filho

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