quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Elba contagia o Guaíra e é aplaudida por Ariano Suassuna

Na última quarta-feira, dia 28 de outubro, resolvi cometer uma loucura daquela que só os fãs são capazes de fazer por seus ídolos: saí da cidade onde moro - Jundiaí-SP que fica a 60 km de São Paulo - e peguei um ônibus com destino a Curitiba no Paraná para assistir ao show de Elba e, de quebra, conhecer o tão famoso teatro Guaíra. Foi uma viagem longa e cansativa, com muitos trechos de congestionamento... Mas por Elba vale a pena! Enfim, por volta das 16h cheguei a capital do Paraná e no começo da noite fui para o Guaíra. O show fazia parte do projeto Circuito Cultural Banco do Brasil - Vozes de Mestre e os ingressos já estavam esgotados (mas o meu eu já havia garantido, ufa!), tanto que assim que cheguei ao teatro vieram dois cambistas me oferecem ingressos! E a procura estava grande; só no tempinho que fiquei perto da bilheteria vi que esses ingressos dos cambistas estavam disputadíssimos. Perto das 20h15min um grupo chamado Meninas de Sinhá e composto por mais ou menos 26 senhoras de uma comunidade carente de Belo Horizonte subiu ao palco para fazer o show de abertura. As "meninas" contagiaram o Guaíra com suas vozes fortes, agudas, tocantes e cruas e deram uma verdadeira lição de que a música e a alegria são os melhores remédios para enfrentar a vida, muitas vezes mais difícil do que se gostaria. Após o show das Meninas de Sinhá, que durou mais ou menos uma hora, a equipe de Elba arrumou o palco rapidinho e por volta das 21h15min a leoa do nordeste entrou em cena com sua voz potente amparada por uma banda cada vez mais azeitada em que os metais dão um tempero todo especial! Quem tem a chance de assistir a um show de Elba com a banda completa em um super teatro como o Guaíra com toda certeza viverá uma experiência inesquecível. Como o próprio nome do projeto sugeria - Vozes de Mestre - a noite seria uma homenagem àqueles que "deram régua e compasso" a essa paraibana arretada; àqueles que lhe ofereceram pérolas dentre as quais, ao longo de seus trinta anos de estrada, ela elegeu as mais bonitas. O primeiro saudado foi Alceu Valença com sua Anunciação, que Elba nunca gravou mais caí como uma luva em sua voz. Depois vieram Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Nando Cordel, Cecéu, Acioly Netto, Flávio Leandro, Zé Ramalho, Carlos Fernando, Chico Buarque (na trilogia em que Elba abusa de sua sensualidade, de seu talento como cantriz)... Uma geração que a cada show ganha a referência daquela voz que melhor os representa, melhor os traduz. O povo curitibano que foi ao teatro naquela noite fria recebeu a Leoa do Nordeste com um calor imenso! Quase duas horas de espetáculo não foram suficientes para aplacar a sede de Curitiba pela arte de Elba Ramalho! E após o retorno de Elba para o bis, mais um momento emocionante: Elba chama ao palco um espectador muito ilustre: ninguém menos que o mestre dos mestres Ariano Suassuna que também é calorosamente revenciado pela platéia do Guaíra. A estrela da noite o homenageia com um trecho de Leão do Norte e fecha com chave de ouro uma noite memorável. Ouvi comentários na platéia de gente dizendo que foi para o teatro sem dar nada pelo show e saiu de lá completamente seduzido por Elba! Essa mulher é mesmo arretada!

PS: Após o show fui até o camarim cumprimentar Elba e tive o privilégio de vê-la comentando com os músicos que justo naquela noite não havia cantado duas das músicas prediletas de Suassuna: Ciranda da Rosa Vermelha e Tareco e Mariola e então cantou duas frases de cada uma dessas canções para que os músicos tivessem a certeza de quais canções ela estava falando. Não preciso nem dizer o quanto foi lindo ouvi-la a alguns centímetros de distância, cantando a capela com aquele vozeirão! Mesmo que tenha sido por ínfimos segundos!

Texto de Gabriel Lima para o blog Leoa do Nordeste
Foto do fã Paullo José (membro da comunidade de Elba Ramalho no orkut) que também estava presente no show.

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