segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Elba Ramalho encanta o Teatro Paulo Autran no Sesc Pinheiros

Estive ontem (10 de janeiro) no último dos dois shows que Elba Ramalho realizou no teatro Paulo Autran no Sesc Pinheiros em São Paulo. A cantora sempre é muito bem recebida na capital paulista, especialmente nas unidades do Sesc, mas essa temporada no Sesc Pinheiros foi realmente especial. A cantora provocou uma verdadeira catarse no público presente que cantou em um bonito coro muitos dos grandes sucessos dos 30 anos de carreira da Ave de Prata. Sem dúvida nenhuma, dos muitos shows de Elba em que estive presente, este foi um dos quais ela mais foi aplaudida; o público realmente se entregou de corpo e alma aos encantos dessa perfumada Flor da Paraíba. A entrega de Elba ao seu trabalho sempre me chamou atenção, mas a impressão que me ficou é que ontem ela estava ainda mais feliz, mais realizada, mais iluminada; era nítida sua satisfação ao executar cada nota, cada palavra, cada gesto, cada sentimento das canções que interpretou.

Ao apagar das luzes, Cezinha surgiu no foco de luz e executou um belíssimo solo de sanfona até que Elba entra em cena numa versão comovente de Lamento Sertanejo. Já nessa primeira canção, a cantora mostrou seu talento tanto para interpretar temas mais românticos, dramáticos, quanto para expressar toda a alegria do povo nordestino. O arranjo que fez para Lamento lhe proporciou explicitar essas duas facetas, sendo executada primeiramente de maneira pungente, lírica, comovente para, na repetição, desaguar num delicioso e animado forró. O clima forrozeiro foi mantido no segundo número, a sempre contagiante Onde Está Você de Zezum. A partir daí, Elba enfileirou uma sequência de clássicos do cancioneiro nacional, interpretando pérolas que imortalizou a partir de seu primeiro disco Ave de Prata, que um fã exibia orgulhoso para a platéia no momento em que Elba falava de sua estreia no mercado fonográfico. O show também foi pontuado por algumas histórias e comentários sempre bem humorados de Elba, como quando disse que não diria que seu cd mais recente, Balaio de Amor, poderia ser encontrado nas boas casas do ramo (como ela sempre dizia a respeito de seus trabalhos), porque essas casas, com a crise do mercado fonográfico, não existiam mais. Foi extremamente aplaudida quando comentou que havia ganho dois Grammys Latinos consecutivos com Qual o Assunto Que Mais Lhe Interessa e Balaio de Amor.

No repertório, estiveram presentes canções de Dominguinhos (Lamento Sertanejo, Gostoso Demais, Eu Só Quero um Xodó, De Volta pro Aconchego), Luiz Gonzaga (A Vida do Viajante, Asa Branca, Baião, A Volta da Asa Branca, Qui nem Jiló, Xote das Meninas), Pinto do Acordeon ( Neném Mulher, que Elba imortalizou em 1986, no álbum Remexer), Antonio Barros e Cecéu (Bate Coração, Homem com H), Jackson do Pandeiro (Na Base da Chinela), Gordurinha (Baianada, um coco que Elba não cantava já há algum tempo), Vital Farias (Ai Que Saudade d´Ocê, Veja Margarida), Nando Cordel (É Só Você Querer e todas as outras parcerias com Dominguinhos já citadas acima), Flávio Leandro (Fuxico), Zé Ramalho (Chão de Giz, Frevo Mulher), Gilberto Gil (Mamma, um blues não muito conhecido que Elba sempre canta, incidentalmente quando interpreta Ai que Saudade d´Ocê), Acioly Netto (Espumas ao Vento, Lembrança de um Beijo e A Natureza das Coisas), Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Caravalho (Doce de Coco – um presente poder ouvir essa pérola na voz de Elba), Bororó (Curare) e quatro canções do mestre Chico Buarque (Todo Sentimento -só quem já teve a chance de ouvir Elba cantando essa música sabe a beleza que é – O Meu Amor, Palavra de Mulher e Folhetim – na qual Elba desceu no meio da platéia para brincar com o público e no final foi aplaudida de pé efusivamente).

Além de todo esse repertório incrível, um bonito cenário de leds coloridos dava um toque todo especial; uma cor extra ao espetáculo. E o que dizer dos músicos que acompanham a estrela? Que são geniais? Seria pouco... Que talento! Estão cada vez mais afiados; os arrajos ganham mais cor, mais vitalidade a cada apresentação. E é necessário também destacar o talento de Cezinha, que a cada show acrescenta pequenos detalhes à interpretação das canções que fazem toda a diferença. Soaram muito bem também os backing vocals dele nas canções.

Enfim, só posso dizer que, depois desses dois shows arrebatadores de Elba, a cidade de São Paulo está totalmente energizada, iluminada, carregada de boas vibrações para enfrentar o ano de 2010 que acaba de começar. E que durante este ano, Elba esteja muito presente nos teatros paulistanos. Será sempre muito bem vinda; pode ter certeza!

Créditos: Gabriel Lima

Nenhum comentário: