segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Elba Ramalho mostra versatilidade em São Paulo

O primeiro álbum de Elba Ramalho, Ave de Prata, saiu há pouco mais de trinta anos. De lá para cá, a cantora paraibana fez de tudo um pouco. Sempre privilegiou, é claro, suas raízes nordestinas, cantando muito forró, xote e baião. Mas nunca se limitou a esses gêneros, como os dois shows com ingressos esgotados que fez neste final de semana no Sesc Pinheiros, em São Paulo, bem puderam demonstrar.

As apresentações fizeram parte da turnê do mais recente trabalho da cantora, Balaio de Amor, lançado no ano passado. É o primeiro disco de Elba fora de uma grande gravadora - ela seguiu os passos de Maria Bethânia e Chico Buarque e agora está no elenco da Biscoito Fino. Mas, como seu álbum de estreia acaba de completar três décadas de lançamento, ela aproveitou para fazer uma pequena retrospectiva de sua carreira.

O show começou com "Lamento Sertanejo", bela composição de Gilberto Gil e Dominguinhos que Elba havia gravado no disco Baião de Dois, de 2005. A cantora depois explicou que decidiu abrir a apresentação com essa música minutos antes do show começar. Segundo ela, criar esses desafios para si mesma é uma forma de manter o prazer de estar no palco. Foi a primeira das muitas surpresas da noite.

A metade inicial da performance, no entanto, foi mais convencional. Mas não por isso menos inspirada: Elba cantou diversos clássicos da música nordestina, como "Asa Branca" e "Vida de Viajante", do modo energético que lhe é característico. Nem parecia que tinha passado a noite em claro. Segundo ela mesma contou, havia feito um show na noite anterior e então voado para São Paulo. Só houve tempo para um cochilo de uma hora antes do show.

Do meio da noite em diante, começaram as surpresas. A primeira foi uma deliciosa interpretação de "Doce de Coco", choro de Jacob do Bandolim que ficou conhecido na voz de Elizeth Cardoso. Depois, Elba pegou um violão e lembrou dois clássicos do início de sua carreira: "Veja (Margarida)", de Vital Farias, e "Chão de Giz", de Zé Ramalho. Foram os dois momentos mais emocionantes da performance.

Em seguida, veio uma homenagem a Chico Buarque. Elba lembrou de seu nervosismo ao conhecer o compositor, durante os testes para a "Ópera do Malandro", ainda nos anos 1970. Cantou então "O Meu Amor", sua primeira gravação, lançada num disco do próprio Chico. Depois, interpretou "Palavra de Mulher", música feita especialmente para ela para a versão cinematográfica da ópera, em 1985.

A última canção do bloco Chico Buarque foi "Folhetim". "Nunca gravei essa música, mas gosto de cantá-la nos shows", contou. Foi o momento de Elba mostrar seus dotes de atriz. Assumindo o papel da prostituta que "aceita uma prenda, qualquer coisa assim", ela foi para o meio da plateia e provocou a ala masculina, distribuindo beijos e sentando nos colos dos homens.

Foi o ponto alto da noite, e a deixa perfeita para abandonar o palco. Mas Elba ainda voltou para o bis e cantou algumas de suas marcas registradas, como "Banho de Cheiro" e "Frevo Mulher". O público, a essa hora já de pé, ainda pediu mais. Mas, depois de quase duas horas de performance, até mesmo ela merecia um descanso.

Fonte: iG Música

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