segunda-feira, 15 de março de 2010

Elba Ramalho é energia pura no Marco Zero

O show de Elba Ramalho, na noite da última sexta-feira no Marco Zero, tinha tudo para ser uma grande festa. Era aniversário dos 473 anos do Recife, a cantora paraibana comemorava três décadas de carreira e aproveitava a apresentação para fazer a gravação do seu DVD com a presença de uma constelação de estrelas da música nacional. Com toda a expectativa em torno de tantos atrativos, Elba não se intimidou com a pressão e usou sua experiência de 50 e poucos anos de vida para transformar aquele circo de câmeras, helicóptero, um telão e seis painéis de LED, banda com 16 músicos, oito bailarinos, chuva de fitas e bandeirinhas de São João num misto de carnaval e festa junina, em plena quaresma.

Claro, por se tratar da gravação de um DVD, o show teve lá as intempéries comuns que envolvem a busca da perfeição para o registro de um produto como esse. Que não foram poucas, diga-se de passagem. Teve parada para Elba retocar a maquiagem, mudar o figurino, refazer encenações naentrada dos convidados e repetir músicas, seja por problemas técnicos de som ou equívocos na hora de cantá-las. Só Lenine teve que repetir três vezes o dueto com a cantora na música Queixa, de Caetano Veloso.

Com tudo isso, a apresentação que já era considerada longa, com a previsão de três horas, terminou durando quatro horas e meia. Percalços que, no entanto, a veterana Elba soube controlar muito bem, esbanjando saúde no palco, naturalidade e transparência ao comunicar cada problema enfrentado. A atitude acabou revertendo os transtornos em algo positivo, fazendo a plateia se sentir cúmplice do espetáculo, compartilhando curiosidades que devem ficar de fora do DVD, como a participação da sambista Alcione em Forró de gafieira, na qual Elba interrompeu o número por ter esquecido de convocar ninguém menos que o dançarino Carlinhos de Jesus.

Reparo feito, levante da plateia e alegria geral. Outro que provocou fuzuê no público foi o paraibano Zé Ramalho, que há seis anos não dividia o palco com Elba e saiu sobpedidos de quero mais. Por azar, as gravações deram certo logo na primeira tentativa e a participação do cantor, com sua figura hipnótica e voz segura de profeta, ficou restrita às músicas Chão de giz e Admirável gado novo, relembrando os tempos de Grande Encontro. Época que ainda foi recordada com a presença de Geraldo Azevedo em Chorando e cantando, mas sobrou a lacuna deixada por Alceu Valença, que teve sua Morena tropicana cantada somente por Elba.

Com pique de garota, Elba desfilou com três figurinos, não parou de dançar e resgatou sucessos dos 30 anos de carreira. A cada intervalo entre as músicas, contextualizava as canções em sua trajetória, exaltava a importância das suas parcerias com compositores como Dominguinhos e Chico César (outro a subir no palco) e reforçava seu amor pelo Recife, recitando poemas de Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, que culminou com a música A praieira, de Chico Science & Nação Zumbi, junto com André Rio.

Fonte: Diario de Pernambuco

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