sexta-feira, 12 de março de 2010

Xodó do Recife

Mulher nordestina e guerreira. Com uma voz inconfundível, autêntica e longos cabelos - uma de suas marcas- e diz ter um pouco de Sanção por sua força estar nas madeixas. Esta é Elba Ramalho, cantora paraibana que consegue transmitir em suas canções a alma do Nordeste, nos vários ritmos.

Mais madura, com "50 e uns" anos de idade, como ela brinca, Elba vive uma das melhores fases de sua vida. Recentemente, lançou o álbum Balaio de amor que recebeu o Grammy de melhor álbum de música de raízes brasileiras; está com maior destaque na mídia e feliz com sua nova parceria musical (e amorosa) com o músico Cezinha.

Cheia de alegria e entusiasmada, ela dá continuidade as comemorações de 30 anos de carreira com show hoje, às 21h, no Marco Zero. Um evento marcante na trajetória de Elba, que irá gravar o DVD da apresentação, e também para o Recife que completa 473 anos e recebe no dia de seu aniversário alguém tão querido e que apesar de não ser recifense, com certeza, tem um quê da capital pernambucana.

Não é à toa que Elba escolheu a cidade para gravação do DVD. "O Recife tem mais a ver comigo. O meu maior fã-clube sempre foi pernambucano. E também as possibilidades iam de acordo com a minha vontade. Queria gravar um DVD em praça pública. Na Paraíba é tudo muito difícil. Hoje, já tenho meu espaço no carnaval de Pernambuco. Para se ter uma ideia, em 30 anos de carreira, apenas toquei no carnaval paraibano em 2010", afirma.

O útil parece que se uniu ao agradável, afinal o show de Elba Ramalho também faz parte das comemorações do aniversário da cidade, promovido pela Prefeitura do Recife. A produção do show é feita em parceria entre os produtores da cantora e equipe da Prefeitura do Recife, sendo a TV Globo responsável pela captação das imagens para a criação do DVD e, posteriormente, um especial que será exibido pela emissora.

O show da cantora é um assunto à parte. Desde o início da carreira, com Ave de prata, ela procurou transformar sua apresentação num espetáculo, com bailarinos, cenários e muitos efeitos de iluminação. Formato, que segundo ela, inspirou Ivete Sangalo, Daniela Mercury e outras cantoras dos dias de hoje. "Diziam que o meu show era a Brodway no Brasil. E o show que irei fazer no Recife será assim. Um verdadeiro espetáculo", afirma.

No repertório estão as canções que marcaram a sua carreira, desde o primeiro disco. Vai ter músicas românticas, forró, frevo, xote, em outras palavras, todos os estilos que fizeram parte da trajetória da artista que ao longo desses anos não se vinculou a um gênero específico. "A música é universal. O Nordeste não é apenas forró. Existem vários caminhos entre o urbano e o rural. Aprendi desde cedo que a arte é extremamente universal e que o regional está dentro de mim. Não fui oportunista para vender disco. Sempre tive muito respeito pela arte", comenta.

Apesar de já ter tocado de tudo, o forró estilizado não está em sua lista - diferente de outros artistas consagrados que recentemente aderiram a estilos mais comerciais. "Sinceramente, não me atraio. Sou de uma geração que tem como referência Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga. Não consigo me atrair pelo estilo, mas não tenho preconceito. Cada um tem suas opções, além de que seria oportunismo da minha parte, gravar algo só porque vai vender".

Num período, onde muitos vocais femininos ganham destaque nas rádios e ao mesmo tempo se confundem pela semelhança de estilos e timbres, Elba Ramalho continua única. E será que não vai surgir alguém que trilhe o mesmo caminho que ela, com personalidade e difundindo as raízes nordestinas? "Assim espero. O universo do forró é muito masculino. Ao fazer uma carreira nacional, tem que ir ao Sul do país e enfrentar lá. Com a chegada da internet, há uma facilidade de se conhecer mais artistas. Por outro lado, fica tudo muito diversificado".

Fonte: Diário de Pernambuco

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