terça-feira, 20 de julho de 2010

O grande cartão de apresentação de um país é a sua cultura, diz Elba Ramalho

Uma simpatia toda. É assim que se pode descrever Elba Ramalho. A musa nordestina se apresentou na noite de ontem no 12º Arraial Cultural, promovido pela Fundação Elias Mansour. Elba fez um show para um público de aproximadamente 3 mil pessoas.

Elba cantou, dançou e encantou. Sorriu e elogiou a plateia que não se intimidou pelo frio e correspondeu cantando todas as músicas, antigas e mais recentes da cantora paraibana. Elba Ramalho completa 30 anos de carreira, mas apresentou no palco a desenvoltura que sempre marcou suas apresentações.

Vez por outra acenava para o publico e mandava beijos para um jovem espectador de 12 anos que ganhou o direito de assistir ao show de um lugar privilegiado há poucos metros do palco. Ele é Luiz Felipe Mendes, filho de Tatiana da Cunha Mendes. Ambos são fãs incondicionais de Elba Ramalho. Felipe tem deficiências motoras e anda de cadeiras de roda. Se tivesse se mantido em meio ao publico, certamente ele não teria conseguido assistir ao show. Por sorte, a coordenação do evento o convidou e a mãe para assistir no local VIP reservado para a imprensa.

Antes do show, Elba Ramalho atendeu a imprensa em seu camarim instalado atrás do palco montado no estacionamento do estádio Arena da Floresta. E é justamente longe do palco, ou pelo menos há poucos metros dele, que a cantora mostra sua simpatia e simplicidade.

Com um sorriso no rosto, ela atendeu a todos e respondeu a todas as perguntas.

No camarim, pelo que se viu, ela não fez muitas exigências. No local havia apenas uma mesa com alguns salgados, doces e frutas, um vinho, copos e um pequeno frigobar. Também havia uma pequena salinha, com um sofá onde ela atendeu os jornalistas. De exigência mesmo só a de não atender todos os repórteres ao mesmo tempo. Atendendo a seu pedido, entraram em seu camarim apenas uma ou duas equipes por vez.

Seu figurino, embora simples, transparecia luxo e bom gosto. Ela vestia um vestido prata, com lantejoulas que brilhavam ao rebater a luz dos holofotes do palco. Por cima do vestido, um blazer preto para protege-la do frio e, no decote, deixava transparecer uma correntinha de prata onde estava fixado um pequeno crucifixo.

Durante a entrevista, Elba posou para fotos sozinha e ao lado dos jornalistas que faziam questão de registrar o momento.

Elba Ramalho se mostrou surpresa com o crescimento de Rio Branco. Ela disse ter estado no Acre há cerca de 15 anos e disse não ter reconhecido a cidade. “É uma cidade muito lindinha e muito bem estruturada”, elogiou.

A cantora nordestina é uma das que mais participa de festas juninas por todo o país. Todos os anos ela abre os festejos de São João em Caruaru, se apresenta no dia 23 de junho em Campina Grande, na Paraíba, e há dez anos ela participa da festa de São Pedro em Aracajú, no Sergipe fechando sua turnê pelo circuito junino do Nordeste. Este ano ela disse ter feito muitos shows no interior da Bahia, no Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Ceará e em outros Estados do Nordeste. “Tem cada festa enorme, bem produzida e que são maravilhosas. Vale a pena participar, pois tem muito a ver com a gente, é parte da nossa história, é tradição, é cultura popular”, afirmou Elba Ramalho.

Sobre o crescimento dos festejos juninos pelo país, principalmente no Norte e Nordeste, Elba Ramalho disse que isso é uma ratificação ao valor e a importância que é a tradição cultural. “Eu acho que o grande cartão de apresentação de um país, a grande carteira de identidade de uma nação é a sua cultura, principalmente a cultura em que o povo está presente”, disse. “Quando os órgãos públicos ou privados incentivam e produzem o espetáculo, valorizando a cultura popular, unindo e derrubando as barreiras e não delimitando fronteiras, fica muito forte o crescimento da cultura popular”, completou.

Elba Ramalho elogiou a iniciativa do Acre de sediar o 6º Concurso Nacional de Quadrilhas, que acontece no sábado e no domingo com a participação de quadrilhas de dez Estados. “As quadrilhas, a cada ano, seja no Rio de Janeiro ou seja em Aracajú, ou na Paraíba, ganham uma estrutura que não é igual ao que era na minha infância. Anarriê e alavantu agora já era, agora é outro figurino. Agora é um verdadeiro show de dança”, alegrou-se.

Sobre essa inserção de novos elementos na cultura das quadrilhas, Elba Ramalho disse que essa mudança é positiva e mostra uma evolução cultural. “[Luiz] Gonzaga usava gibão e chapéu de couro. Marines usava, também, roupas mais tradicionais. Agora já vem a nova geração e as modernidades vêm. O mais importante é que a coisa está sendo feita e que a memória da música fica. Aqui tem espaço para as bandas modernosas, que não estão preocupadas, verdadeiramente, em seguir a tradição com a qualidade que a música nordestina tem, mas que têm seu espaço também. O importante é que mistura-se, amoderniza-se, mas estão lá dançando o rei Gonzaga com suas roupinhas modernas.”

Fonte: Site Janelão.net
Gabriel Lima para o Leoa do Nordeste

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