sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cantora paraibana lança CD/DVD de 30 anos de carreira no Sesc

Quando estou no palco, dou o que tenho de melhor", diz Elba Ramalho

Elba Ramalho está comemorando 30 anos de carreira com o CD/DVD Marco Zero.
Ela lança esse novo trabalho com uma temporada no Sesc Vila Mariana que rola desta quinta (3) a domingo (6).
Em entrevista ao R7, a consagrada cantora paraibana fala sobre o novo trabalho, carreira, projetos e muito mais.

R7 -Como surgiu a ideia de gravar esse CD/DVD comemorativo de 30 anos de carreira em Recife? Você havia pensado em outros possíveis lugares antes de confirmar esse?

Elba Ramalho
- Meu pai era pernambucano, meu maior fã-clube é de Pernambuco, trabalho o Carnaval inteiro lá e tenho muita identificação com todo o povo local. Provavelmente é o Estado em que mais faço shows. O tempo todo eu ficava pensando em outras opções, mas o Marco Zero, em Recife, é um lugar muito especial. Já fiz diversos shows ali para grandes multidões e definitivamente, me sinto em casa. Felizmente, a decisão foi acertada.

R7 - Você cantou para públicos imensos durante vários momentos de sua carreira, mas como foi gravar esse DVD perante 100 mil pessoas que estavam ali especialmente para te ver?


Elba - Sempre encaro as plateias como amigos. E cantar em Recife é como encontrar um velho amigo. Admito que estava um pouco nervosa, não pelo público, mas pelas decisões. Será que o figurino é o mais adequado? Será que o repertório expressa meus 30 anos de carreira? Um nervosismo natural.

R7 - Como foi feita a seleção dos convidados especiais?

Elba
- De forma muito espontânea. Chamei os amigos, pessoas que fazem parte da minha trajetória. Não foi simplesmente por afinidade musical. Queria me cercar das pessoas de que gosto.

R7 - Deve ter sido difícil selecionar o repertório para esse DVD, levando-se em conta a sua extensa discografia. Que critérios você seguiu? O que eventualmente você lamenta ter deixado de fora?

Elba
- Foi muito difícil e prefiro acreditar que acertei mais do que errei. Cheguei a ensaiar algumas músicas que não entraram como Ouro Puro e Felicidade Urgente, mas o show ficaria com quatro horas de duração! Tive que cortar algumas canções queridas.

R7- Você provavelmente conseguiu a maior parte de seus fãs através dos shows, sempre repletos de energia. Como você faz para manter seus shows sempre atrativos?

Elba
- Faço exatamente o que sempre fiz. Quando estou no palco, dou o que eu tenho de melhor em mim, devo este respeito ao público. Sempre vou me esforçar ao máximo. Acho engraçado quando gerações bem mais jovens comentam: “ Eu não sabia que o show da Elba era tão bom !” Há 30 anos que me esforço para fazer sempre um bom show.

R7 - No dia 17 de agosto deste ano, você fará 60 anos de idade. Como encara esse momento em sua vida?

Elba
- Com a naturalidade necessária. Procuro ver tudo de bom que aprendi nessa trajetória e procuro evoluir sempre. Temos nossas falhas e defeitos, mas tenho orgulho do caminho que percorri.

R7 - Seu primeiro LP, Ave de Prata, saiu em 1979. Como você avalia esse disco, analisando-o agora, após tantos anos? Quais são as suas marcas registradas, em relação aos outros que você lançou posteriormente?

Elba
- Acho que foi o disco certo,no momento certo, para o público certo. Acho que também contei com uma boa dose de sorte de principiante. Como sou intérprete, escolho o que eu quero cantar. Tenho centenas de opções para escolher a canção que eu acho mais bonita. Não canto por cantar, canto por que quero cantar aquela música. Isso sempre fez muita diferença.

R7 - Quando você gravou seu primeiro disco, ainda vivíamos o auge do formato vinil. Desde então, muita coisa aconteceu. Como você encara as possibilidades atuais, incluindo internet etc?

Elba -Tudo tem dois lados. Em termos de mercado, a situação é de caos. Não existe mais mercado. O CD se tornou um cartão de visita. É um instrumento necessário. Um longo caminho ainda deve ser percorrido para regularizar esta questão de download gratuito ou não. A internet é uma ferramenta maravilhosa. Abre o mundo de forma irrestrita, a música também se tornou mais popular, mais acessível e com mais visibilidade.

R7 - Você viveu o auge da indústria fonográfica no Brasil. Hoje, vende-se muito menos discos do que antigamente. A que você atribui a queda desse mercado? A culpa seria só da pirataria? E como você fez para se adaptar a esses novos tempos?

Elba
- A tecnologia mudou, os hábitos também mudaram e as possibilidades se multiplicaram. O mercado ficou estagnado e não se preparou para esta evolução. Acabou sendo engolido. A culpa não é só da pirataria, que se utilizou de um rombo que a indústria da música deixou. Antigamente, para se gravar um disco, você precisa ser descoberto por uma gravadora. Hoje em dia, qualquer pessoa grava em casa, até mesmo com um computador caseiro. É um leque de possibilidades muito grande. Existem dois lados da moeda. Faço uma boa música, coloco no Youtube e posso me transformar num sucesso de uma hora para outra. Isto é genial.

R7- Como avalia a experiência de seu próprio selo fonográfico?

Elba
- Eu tenho o meu selo e as coisas não são fáceis, por que vender disco não é fácil hoje em dia. Por outro lado, eu gravo o meu disco da maneira que eu quero, a hora que eu quero; exatamente do jeito que eu quiser. Não existe mais a gravadora pressionando.

R7 - Como será a sua temporada em São Paulo, no Sesc Vila Mariana?

Elba
- Vou mostrar boa parte do repertório do CD e DVD. Acho ótimo cantar em teatros. Tenho toda uma relação muito especial com os teatros. A atriz sempre está presente. É claro que vou aproveitar o teatro e fazer meus números de platéia.

R7 - Além de divulgar esse novo CD/DVD, quais são seus projetos para 2011?

Elba
- Quero muito preparar um trabalho baseado na obra de Chico Buarque. Tenho várias idéias, mas nada definido ainda.

R7 -Um dos projetos mais marcantes de sua carreira foi O Grande Encontro. Pensa em fazer mais alguma coisa do gênero no futuro?

Elba
- Sim. Foi um momento muito especial e marcante. Se não for possível reviver aquela formação, que venham outros encontros.

R7 - Para você, qual foi o disco mais importante de sua carreira? Justifique a opção.


Elba - Não vou escolher um disco. Vou contar uma situação que igualmente foi marcante e me trouxe muitas alegrias. O meu primeiro disco independente foi o Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? , uma ousadia, um disco de sonoridade diferente, com raízes sempre brasileiras, que me deu o maior Prêmio da Indústria da Música que é o Grammy Latino. No ano seguinte, lancei Balaio de Amor, um disco totalmente diferente do anterior. Repleto de xotes, forrós e canções tipicamente nordestinas, O resultado ? Ganhei outro Grammy Latino. Meus dois últimos discos me deram estes grandes prêmios.

Fonte: Portal R7 - 3 de fevereiro de 2011
Gabriel Lima para o Looa do Nordeste

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