sábado, 30 de abril de 2011

Elba: ave rara revisita as memórias

Cantora está mixando o CD Forró Brasileiro, que será lançado dia 23 de junho, no Maior São João do Mundo, em CG

A memória funciona como um dispositivo capaz de aglutinar para a posterioridade por meio de discursos, escritos e cantos marcas que representam um povo. Em pouco mais de 30 anos de carreira, a cantora Elba Ramalho mantém o vigor de arriscar e experimentar o inusitado, desde que a memória seja preservada. Circulando com a turnê Elba - 30 Anos, a intérprete paraibana acabou de finalizar o mais recente álbum que vai representar um afago para o público que gosta ouvi-la cantando forró. Mas as surpresas não param por aí.

Como se não bastasse o CD Forró Brasileiro, em fase de mixagem, reunindo canções de compositores jovens e outros consagrados, Elba confirmou que o próximo DVD será gravado durante O Maior São João do Mundo, em Campina Grande. "Neste disco estou cantando muito a nova geração. Um disco muito bem feito, arrojado em termos de forró. Canto Anchieta Dali do Recife, Cesinha, Nando Cordel, Dominguinhos, Antônio Barros. É um disco que tem amor, mas tem muito forró com suingue", ressaltou Elba poucos minutos antes de subir ao palco do Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande, para apresentar um show acústico com caráter revisionista.

Embora a apresentação represente um painel composto por mais de três décadas dedicada à música, Elba reforça que este é o momento em que se mostra mais madura para o público. Uma dos resultados desse momento de maturidade se refletiu no CD Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? "Eu acho que já fiz tantas coisas boas. O que é bacana é que me sinto muito madura nesse momento. Me sinto como se o bolo tivesse no ponto e agora é a hora de ser servido. Então, essa autenticidade do meu trabalho# não sei se essa fidelidade às minhas raízes e a tudo que eu sou. As pessosas sabem quem eu sou no Brasil e fora dele e isso pra mim é muito importante porque eu acho que o artista tem que ser essa identidade, o seu retrato hoje. Eu cresci. Estou uma cantora muito mais tranquila e tecnicamente com o canto mais apurado", se auto define.

A identidade a que Elba se refere é a ancorada na tradição formatada por Jackson do Pandeiro, Marinês e Luiz Gonzaga. Por conta disso, a pergunta recorrente no meio jornalístico, em favor das bandas de "forró de plástico", se a opção do governo estadual de não financiar esses grupos teria sido correta foi lançada a Elba Ramalho, que defende a democracia de gostos, mas alerta para a perda de espaço da tradição principalmente nas festas juninas em todo o Nordeste.

"Eu acho que se faz muito mais um grande alarido do que realmente o que o secretário quis dizer. Ele tem a posição dele ao falar de São João pela tradição. O forró de plástico, ou supostamente de plástico não sei porque, mas eu não me envolvo nessas coisas. Eu respeito todos os artistas e expressões de arte. Tem espaço para tudo. Chico César quis defender Luiz Gonzaga# que cada vez perde mais espaço na mídia e durante o São João principalmente na Paraíba. Chico César é um grande músico, um homem culto, jornalista, mas a gente tem que ter posição. Essa coisademocrática da música é que é maravilhoso, então, deixa os meninos tocarem".

Fonte: O Norte

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