quarta-feira, 21 de março de 2012

Túnel do tempo: Elba Canta Luiz - Parte II

Elba canta Gonzagão e diz que não precisa da "oxente music"

25/07/2002


A cantora Elba Ramalho estréia nesta sexta-feira, dia 26, em São Paulo, seu novo show, em que homenageia o rei do baião, Luiz Gonzaga.

Ela se apresentará no DirecTV Music Hall até o dia 4 de agosto, sempre aos finais de semana. No show, que tem o mesmo nome do CD gravado pela cantora para homenagear Gonzagão, ela canta clássicos da música nordestina, como 'Danado de Bom', 'Vem, Morena' e 'Quer Ir Mais Eu', com arranjos feitos por Dominguinhos.

'Elba Canta Luiz' é seu 22º trabalho de carreira, lançado pela BMG, e já vendeu mais de 100 mil cópias. Para falar sobre o novo show, a carreira e fazer um panorama da da música brasileira atual, ela participou, na tarde desta quinta-feira, às 16h, de um bate-papo no UOL.

Segundo ela, o "rei do baião" é inspirador para qualquer intérprete. "Seu Luiz é meu muso, meu ícone, ícone brasileiro, minha projeção poética (sic). Minha essência está reproduzida em minha obra", disse a cantora. No novo trabalho, Elba destaca suas preferidas, as canções "A Sorte é Cega", "Chamego da Guiomar", "Vem Morena" e "Canta Luiz", de Dominguinhos.

Elba já gravou com companheiros de música nordestina, como o primo, o compositor Zé Ramalho, e outros, como Geraldo Azevedo e Alceu Valença. O resultado deste trabalho ficou registrado na série "O Grande Encontro", que lançou três CD's. O projeto, porém, foi abandonado depois do terceiro volume. "Por mim não teria acabado, mas Alceu e o Zé quiseram dar um tempo."

Elba também respondeu sobre alguns temas polêmicos da música popular brasileira. Ela falou sobre o forró "moderno", a lei de numeração de livros e CDs e sobre o surgimento de novos cantores.

Apesar do sucesso do forró universitário ou do forró pé-de-serra, a cantora diz que prefere a tradição do forró de Gonzaga e Jackson do Pandeiro. "Eu faço o que sempre fiz: me mantenho tradicionalmente ligada ao que eu aprendi e à essência do meu jeito. Não sinto necessidade de recorrer à 'oxente music', que, particularmente, não me atrai. Com respeito ao forró universitario, é o jeito deles. O forró tem que passar por Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e por Elba também, para ficar mais forte e verdadeiro."

Elba não concorda com a falsificação de CDs, mas diz acreditar que o público é que tem força para impedir a pirataria. "O governo para mim teve poucas manifestações, mas depende muito de o consumidor não comprar o disco pirata. O poder está na mão do povo em dizer não a tudo que não presta."

Para a cantora, "reality shows" musicais, como "Fama", da Globo, e "Popstars", do SBT, são boas oportunidades para quem quer investir na carreira musical. "Acho que são espaços novos, oportunidades únicas. No meu tempo não existia isso... Estão abrindo espaços."

Mas Elba não aproveitaria o espaço de um "reality show" para promover a carreira. "De jeito nenhum, sem chance. Primeiro não teria tempo, minha agenda é muito cheia e é uma super exposição desnecessária. Tenho meus rituais, meus fundamentos. Ali é uma brincadeira e eu não tenho muito tempo, não", explicou.

A cantora finalizou o bate-papo com uma definição sobre a lei de numeração de CDs e livros, vetada recentemente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. "Samba do crioulo doido, como disse a Rita Lee. Vamos chegar a um consenso no final."

Fonte Folha Online

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