Há dois anos, Elba Ramalho, 57, lançava um disco antenado, pop e contemporâneo. Produzido por Lula Queiroga, entre outros, Qual O Assunto Que Mais Lhe Interessa? rendeu à cantora paraibana seu primeiro Grammy Latino, um tremendo reconhecimento para quem faz música no Brasil.O Grammy marca, segundo Elba, uma fase esplendorosa em sua carreira. “Estou na fase de cantar. Eu acho que estou cantando melhor do que nunca. E isso para mim é uma honra. A crítica, o público... todo mundo está falando que eu estou no auge da minha maturidade”, conta a própria Elba, por telefone, do Rio, ao JORNAL DA PARAÍBA.
É nesse alto astral que ela coroa seus 30 anos de carreira. E para celebrar o momento, lança um disco de forró, um disco de forró arretado. Balaio de Amor, que sai pela Biscoito Fino, é um álbum que, de acordo com a própria Elba, celebra o amor. “Desta vez, eu queria saudar o amor. Fazer um disco que pudesse ser romântico, que pudesse ser popular e pudesse animar o São João de cada pessoa aí do Nordeste”, conta Elba, que emenda: “Porque a música popular é a forma do meu trabalho”.
O amor vem da nova paixão da cantora: o sanfoneiro pernambucano Cézar Thomaz, o Cezinha, 24. Cezinha, ex-discípulo de Dominguinhos (a voz do jovem é igual à do mestre, diga-se de passagem) está na banda de Elba desde julho do ano passado e topou produzir o novo álbum da cantora, junto com ela.
“O Cézar foi o esteio desse disco”, assume Elba. “Muitos dos compositores que estão no CD, foi ele quem me apresentou”, continha. “Na verdade, o Cézar me inspirou muito nesse disco, me acompanhou, me direcionou, arranjou as músicas, fez o disco. Na verdade, eu queria dar esse destaque a ele, esse músico jovem muito talentoso”.
Cézar vem de uma família humilde do Recife. Começou a tocar sanfona, sozinho, aos 13 anos e logo já sustentava a família de oito pessoas com sua música. Caiu nas graças de Dominguinhos, que apresentou o jovem músico à Elba já há alguns anos. Em 2008, com a saída de Toninho Ferragutti, e de passagem por Recife, Elba lembrou-se do prodígio sanfoneiro e convidou-o a integrar seu grupo.
Cezinha reuniu um time de compositores de primeira para Elba cantar. É gente da nova geração, que brota tanto em Pernambuco, como aqui na Paraíba. Estão lá Xico Bezerra (“Se tu quiser”), Petrício Amorim e Rogério Rangel (“Um baião chamado saudade”), Maciel Melo e Anchieta Dali (“Bebedouro”), Flávio Leandro (“Fuxico”) e Accioly Neto (“Me dá meu coração”), entre outros.
“Eu queria mostrar que ainda é possível fazer um disco de qualidade, sem ser apelativo. Mostrar que tem gente nova, talentosa, aparecendo, e que não são bandas de quinta categoria fazendo um forró leviano e pornográfico. Queria fazer um disco para resgatar o que é bom, para a gente não matar a memória e não matar a honra da música nordestina”, discursou.
Balaio de Amor é um disco simples, de raiz. É a voz de Elba, a sanfona de Cezinha (que ainda canta com Elba em “É só você querer”, canção inédita de Nando Cordel), zabumba e triângulo (com um pouco de guitarra, baixo, bateria...). O mestre Dominguinhos dá o ar da graça em “Riso Cristalino”, parceria dele com Climério Ferreira, e além da nova geração, a cantora resgata o clássico “Não lhe solto mais”, de Antonio Barros e Cecéu. Bom todo, Balaio... é sim um disco simples e cativante.
Cantora quer lançar outro disco ainda este ano
Os 30 anos de carreira de Elba, no entanto, não irão se resumir a um bom álbum. Ao JORNAL DA PARAÍBA, a cantora revelou que, para o segundo semestre, quer lançar um outro disco. “Estou entre um tributo ao Chico Buarque, que está comemorando 30 anos do disco A Ópera do Malandro, que marcou minha estreia, ou então Elba Canta Zé Ramalho, que é um pedido dos fãs”, adiantou.
Por enquanto, certo mesmo é o disco que une Elba Ramalho e a Spok Frevo Orquestra, do Recife, programado para o carnaval do ano que vem. É, Elba está com todo gás.
Créditos: Jornal da Paraíba
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