quarta-feira, 6 de maio de 2009

Elba Ramalho celebra 30 anos de carreira com o novo álbum, Balaio de Amor

Elba Ramalho anda cada vez mais tranquila na forma de encarar a sua arte. Prova disso é que a cantora comemora os seus merecidos 30 anos de carreira fonográfica sem qualquer tipo de alarde. A artista, que desde o lançamento do disco Ave de Prata, em 1979, se tornou uma das grandes referências da música nordestina, sem perder a comunicação com o universal, celebra fazendo o que gosta.

No ano especial, ela coloca nas lojas o álbum Balaio de Amor, com canções românticas que fazem reverência ao xote e ao baião. “Pensei em várias coisas, mas nem almejava fazer algo diferenciado. Queria, contudo, que ficasse com essa cara, com essa veia, essa vibe, com destaque para a nação nordestina. Muita coisa acontece no Nordeste e não ganha destaque no País”, diz Elba, em entrevista por telefone.

Diversas canções foram apresentadas à cantora pelo produtor e músico Cezinha, que divide os créditos do álbum com a artista. “Aos poucos fui conhecendo estas composições. Muitas destas músicas já foram gravadas, mas o Cezar disse que com a minha voz chegariam de uma outra forma”. Todo o trabalho foi concebido em Recife, incluindo o projeto gráfico diferenciado.

Balaio de Amor é o primeiro álbum da cantora que sai pela gravadora Biscoito Fino. Elba tentou lançar o disco anterior, Qual o Assunto que Mais Lhe Interessa, pelo selo, mas a parceria só saiu desta vez. “Tinha conversado com a EMI, com a Universal, mas mandei o trabalho para a Biscoito e acabou saindo por ela. Foi uma opção minha. Achei que tinha a cara da gravadora. E eles viram, através das minhas mãos, uma oportunidade de se tornar mais popular, já que canto para grandes plateias”, diz.

Carreira – Com os 30 anos de estrada, Elba diz que, ao pensar no início, percebe o quanto amadureceu e ganhou tranquilidade. “O começo era o tempo da ansiedade, da dinamite. Quando deixava o palco não conseguia nem dormir. Mas com o tempo veio a fase do autoconhecimento, o fato de me tornar vegetariana... Tudo isso foi somando. Meu primeiro disco é marcante, mas, se você for reparar, é outra voz. Descobri formas de trabalhar os meus graves. Me reconheço como uma cantora madura e vivo o tempo da delicadeza”, explica.

Para a paraibana, toda a conquista profissional foi com base em muito trabalho e perseverança. “Digo que procurei tinta de ouro para escrever esse livro. Durante todos estes anos mantive a minha integridade acima de tudo. Muito foi explorado da minha vida pessoal”. E completa: “Hoje eu tenho sabedoria, sem a ansiedade de ser a melhor, de estar na mídia ou de que todos gostem de mim. Só espero que sejam honestos e que me respeitem”.

Elba também comenta sobre as dificuldades que enfrentou pelo fato de ser nordestina. “Venci a mim mesma, as adversidades, dificuldades. Mas todos passaram por isso, o João Gilberto, o Caetano... Vencemos porque conseguimos ser verdadeiros. Enfrentei muito preconceito, levei muita pedra. Mas tudo se transformou em castelo. Aprendi bastante e a minha nordestinidade prevaleceu”.

A turnê de Balaio de Amor começa oficialmente no dia 30 de maio com o início dos festejos juninos em Caruaru. Elba lembra que, neste ano, as bandas de “forró estilizado” estão proibidas de participar da festa.

“Tem uma geração que eu recebo com carinho, que é o forró universitário. No Falamansa, por exemplo, o Tato não é nem um grande cantor, mas é bom compositor. Trouxe um público jovem e valoriza a tradição. Agora tem esse outro segmento que eu não sei o que é, porque não é forró. Eu nem falo em quantidade, porque eles têm público, mas falo de qualidade. Eu não coloco na vitrola para a minha filha ouvir. Não posso falar para ela: olha, essa é a música da gente, como a que foi feita pelo seu Luiz (Gonzaga). As letras são terríveis e desqualificam o trabalho. Mas não quero que estas bandas deixem de existir. Só quero que existam no seu lugar”, considera. A cantora recorda uma noite junina que dividiu no ano passado com alguns grupos. “Eu me deprimi e perguntei: o que está acontecendo com o meu povo?”.

Créditos: A Tarde

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