quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Elba Ramalho passa 30 anos de trajetória em show gravado no Marco Zero, no Recife

A primeira experiência musical de Elba Ramalho foi na adolescência, em 1968, como baterista da banda de rock As Brasas, que criou em Campina Grande. Mas a carreira da cantora começou efetivamente na década de 1970, quando foi convidada pelo Quinteto Violado para se incorporar ao grupo na turnê do show A feira. Ali, começava a forte ligação que ela tem com Pernambuco.

A escolha do Marco Zero, no Recife antigo, para a gravação do DVD e CD comemorativos dos 30 anos de trajetória artística de Elba Ramalho não foi aleatória. O show, apresentado em 12 de março deste ano, com a participação de vários convidados, reuniu 100 mil pessoas naquele local histórico da capital pernambucana e adjacências.

"Durante o carnaval, havia feito 13 shows em Recife e recebi muitas manifestações de carinho das pessoas. Como tinha a ideia de gravar o DVD comemorativo ao vivo, queria que a apresentação fosse para uma grande plateia. Aí, resolvi dividir a energia cristalina com os recifenses, me sentindo em casa, num lugar que jorra cultura popular", conta Elba. A pacífica participação da multidão - fazendo coro, dançando, aplaudindo e manifestando-se de diferentes formas - gerou belas imagens e criou ambiente propício para a cantora protagonizar um emocionante espetáculo.

O show possibilitou a Elba passar em revista momentos dessas três décadas de jornada. "Anunciação" (Alceu Valença) e "Leão do Norte" (Lenine), que abrem o repertório, por traduzir o amor mútuo entre a cantora e povo pernambucano. Daí para frente, são enfileirados frevos, baiões, xotes, maracatus e canções românticas, que a permitem homenagear os companheiros compositores e músicos, com contribuição decisiva para ela chegar ao Olimpo da MPB.

Desses companheiros e amigos, alguns estiveram no Marco Zero, contribuindo para Elba passar alegria, fazer festa para aquela multidão. Geraldo Azevedo, autor das primeiras faixas de Ave de prata (disco de estreia, em 1979), está ao lado dela em "Canta coração" e "Chorando e cantando". Com o primo Zé Ramalho, que lhe deu de presente a emblemática "Banquete dos signos" (gravada no segundo LP), canta "Chão de giz" e "Admirável gado novo". Dominguinhos, companhia frequente desde o início da carreira, marca presença em "Gostoso demais". Já Vital Farias é lembrado em "Veja a margarida", "um dos meus primeiros sucessos", recorda-se.

Olhos de Chico

Autor de "O meu amor" - que apresentou Elba ao Brasil, em dueto com Marieta Severo, no álbum com a trilha do musical Ópera do malandro, 1977 -, Chico Buarque também é reverenciado. Além de fazer a canção com Alcione, outra convidada especial, fica ainda mais solta em "Morena de Angola", também de autoria do compositor. O pernambucano Lenine é parceiro de palco em "Queixa" (Caetano Veloso); enquanto o Maestro Spock tem a mesma função no medley de "Cravo vermelho" e "Ciranda da rosa vermelha". Ela e o conterrâneo Chico César são acompanhados por bailarinos e tambores de maracatu em "Recife nagô".

Diretor musical do DVD, Cezinha do Acordeon exibe timbre próximo do de Dominguinhos, ao juntar a voz à de Elba no hit recente "Só você querer"; enquanto Flávio José marca presença em "Espumas ao vento". Não falta, uma sequência de forró arretados, que inclui "Plic plac", "Forró pesado", "Forró do xenhenhem", "Na base da chinela" e "Eu só quero um xodó".

O clima de carnaval fora de época acentua-se no encerramento do show. Ao cantar "Chuva de sombrinhas", "Morena Tropicana" e "Frevo mulher" com André Rio e bailar com Carlinhos de Jesus, Elba incendeia de vez o público. "A ideia é levar o Elba - Marco Zero para a estrada, ainda no verão. Vai ser difícil ter os convidados do DVD ao meu lado no palco, mas, em compensação, terei a banda que me acompanhou na gravação, sob a direção de Cezinha do Acordeon", adianta.

Fonte: O Norte

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